Após o aborrecimento daquela decepção, o coração ficou-lhe novamente vazio e começou outra vez a série dos dias todos iguais.
Iam então agora seguir-se assim em fila, idênticos uns aos outros, inumeráveis, nada trazendo de novo! As outras existências, por muito monótonas que fossem, contavam, pelo menos, com a possibilidade de qualquer acontecimento imprevisto. Uma aventura trazia às vezes consigo peripécias sem fim e o cenário transformava-se. Mas, para ela, nada acontecia. Deus assim o quisera! O futuro era um corredor todo escuro que tinha ao fundo uma porta bem fechada.


Gustave Flaubert, Madame Bovary

3 comentários:

  1. As portas bem fechadas também possuem chaves para as abrir ;)

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  2. Ricardildo para anãs19 de junho de 2010 às 14:58

    Dúvido muito =) e sabes uma coisa...

    Sempre que se fecha uma porta, abre-se uma janela ;)

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