"Eu queria dizer que não?
Eu não nasci pra ficar sem ti
Mas só pra nos é que isso faz sentido
E não são os bens que tu me dás
Nem o medo que tu me dás
É aquilo que tu me fazes sentir
Eu nem sei se te ouvi, mas
Quando tu não tas não sei se tou vivo, e
Amor igual ao teu eu sei que eu nunca tive, e
O teu lugar em mim eu sei que esse é cativo, e
Venha o que vier a nossa historia não acaba aqui
Desde o principio que o que eu senti foi o que eu segui
Contra tudo e tudo mas agora não tou conseguir
Vê-la deitada na minha cama e eu pensar em ti
Se a realidade é maior do que a ficção
As palavra que eu te digo ao ouvido já fico são
De verdade e pra marcar pra sempre a nossa ligação
Mas hoje
Eu queria dizer que não
Mas estou contigo
Eu queria dizer que não
Mas não consigo"

If I could say what I want to say...






If I could say what I want to say
I'd say I wanna blow you... away
Be with you every night
Am I squeezing you too tight
If I could say what I want to see
I want to see you go down
On one knee
Marry me today
Guess, I’m wishing my life away
With these things I’ll never say







Do modo que a vida
È um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas

Nunca dei um passo 
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro


Disse: creio na poesia, no amor, na morte,
e por isso mesmo creio na imortalidade. Escrevo um verso,
escrevo o mundo; existo; existe o mundo.
Da ponta do meu dedo mínimo corre um rio.
O céu é sete vezes azul. Esta pureza
é de novo a primeira verdade, a minha última vontade.



Giánnis Ritsos

Morality is not the doctrine of how we may make ourselves happy, but how we may make ourselves worthy of happiness.


Immanuel Kant, Critique of Practical Reason, 1788





Você não vai me acertar, À queima-roupa
Vem cá, me deixa fugir, me beija a boca
Às vezes parece até que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só
Não demora eu tô de volta...

Vai ver se eu tô lá na esquina, devo estar... 
Já deu minha hora e eu não posso ficar...
A lua me chama, Eu tenho que ir pra rua...
A lua me chama, Eu tenho que ir pra rua



"You want a revelation,
You wanna get it right
But it's a conversation,
I just can't have tonight
You want a revelation
Some kind of resolution
You want a revelation"
She did not find the grim 
in falling apart. for
every time she found herself 
to be broken, she knew
she was brutally remaking
herself, and collapsing
to be reborn like a 
rioting star; haunting the
dark sky. 

R. M. Drake 



"Não há amor que volte, existem apenas amores que renascem"
I hate the way you talk to me, 
and the way you cut your hair.
I hate the way you drive my car, 
I hate it when you stare. 
I hate your big dumb combat boots 
and the way you read my mind. 
I hate you so much it makes me sick,
it even makes me rhyme. 
I hate the way you’re always right, 
I hate it when you lie. 
I hate it when you make me laugh,
even worse when you make me cry. 
I hate it when you’re not around, 
and the fact that you didn’t call. 
But mostly I hate the way I don’t hate you, 
not even close…
not even a little bit… 
not even at all.



10 things i hate about you 





Eu vezes você, quanto que dá? 
Tem que dar amanhã
Tem que dar amanhã
Tem que dar


A gente não tem química 
Tem biologia, tem geografia
A gente tem história e religião

Harley Davidson






Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim
A vida que não se troca por palavras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
As vozes que só em mim são verdadeiras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
A impossível palavra da verdade.

Deram-me o silêncio como uma palavra impossível,
Nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível,
Para eu guardar dentro de mim,
Para eu ignorar dentro de mim
A única palavra sem disfarce -
A Palavra que nunca se profere.





Adolfo Casais Monteiro

A flor receia a morte?
Toca-a? Cheira-a?
Devolve o seu perfume
à ondulação profunda?

Vira-se para a luz.

A morte é a flor
quando se abre.



Jeannette Lozano 


Paciência






Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma

Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)



Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)



Today I feel like...







But then they sent me away
To teach me how to be sensible,
Logical, oh responsible, practical
And they showed me a world
Where I could be so dependable
Clinical, oh intellectual, cynical.

There are times when all the world's asleep
The questions run too deep
For such a simple man
Won't you please,
Please tell me what we've learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am
Hás-de vir a minha casa
Penso noutra coisa mas é só nisso que penso
E quando entrares em minha casa
Despes a roupa toda
E ficas imóvel nua em pé com a tua boca vermelha
Como os pimentos vermelhos pendurados na parede branca
E depois deitas-te e eu deito-me junto a ti
É isso
Hás-de vir a minha casa que não é a minha casa


Jacques Prévert
DESEJO
         DESEJO
                 DESEJO
                           DESEJO
                                 DESEJO
                                 DESEJO
                                  DESEJO
                           DESEJO
                 DESEJO
        DESEJO
DESEJO


Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...


Miguel Torga 
Ai de quem sonha o futuro
de olhos fitos no passado!
Ai de quem vive abraçado
à sua estátua de bronze!
Ai daquele que já sabe
por onde abrir o caminho!

O seu destino tem certo:
que tudo lhe há-de saber
a comida já comida
que nada pode viver
sem lhe parecer já vivido


Adolfo Casais Monteiro

Um gesto pode ser
um simulacro apenas.
Como quando arrefece
e acendes a lareira
para dar sangue às brasas.
No halo
da chama há sempre
uma voz que cintila
e te agradece.
É isso que se chama
dar voz ao silêncio.



Albano Martins

Tarde turquesa
Quarenta graus
Talvez porque você não esteja
tudo lateja
Tarde sem nuvem
Cinquenta graus
Talvez por sua ausência
tudo derreta
Noite sem ninguém
Nada se mexe
Eu sonho nosso amor a sério
E você em outro hemisfério
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo derrete
Enquanto tudo parece
Derreter



Adriana Calcanhoto






Neste dia de chuva... Para lavar a (minha) alma. 


Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo
que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.



Albano Martins 





You are the hole in my head
You are the space in my bed
You are the silence in between
What I thought and what I said

You are the night time fear
You are the morning when it's clear
When it's over, your start
You're my head and you're my heart
Decido encher todas as minhas páginas em branco
com as mais belas combinações de palavras
que seja capaz de engendrar.
E depois, porque quero assegurar-me
que a vida não é absurda
e não me encontro só sobre a terra,
reúno-as todas num livro
e ofereço-o ao mundo.
Este, retribui-me com a riqueza,
a glória e o silêncio.
Mas não sei que fazer com este dinheiro,
nem que prazer tirar
de contribuir para o progresso da literatura,
pois só desejo o que jamais obterei
- a certeza de que as minhas palavras
tocaram o coração do mundo.

É então que me pergunto
o que vem a ser o meu talento,
e descubro que não passa de uma forma
de me consolar da solidão.

Risível consolo - que apenas me torna
cinco vezes mais pesada
a solidão



Stig Dagerman

Today I feel like...


Sally: Sometimes I feel like there's a hole inside of me, an emptiness that at times seems to burn. I think if you lifted my heart to your ear, you could probably hear the ocean. The moon tonight, there's a circle around it. Sign of trouble not far behind. I have this dream of being whole. Of not going to sleep each night, wanting. But still sometimes, when the wind is warm or the crickets sing... I dream of a love that even time will lie down and be still for. I just want someone to love me. I want to be seen. I don't know. Maybe I had my happiness. I don't want to believe it but, there is no man, Gilly. Only that moon.




Movie: Practical Magic 




seguíamos a água
porque a secura nos cercava
como um animal
quase louco

do alto de pedras antigas
avistávamos cidades
para onde partíamos
a todas as horas

metrópoles
de ventos eufóricos
que nos sopravam
a humanidade inteira

na forma
do grito e do olhar
e no incêndio infinito
do sangue

e eram tão poderosas
as palavras que sabíamos
tão nobres os silêncios
por onde elas espelhavam

e tão grande
era tão grande o coração
que as ouvia,
que as guardava

num secreto
para sempre!



Gil T. Sousa 






Give us a little love, give us a little love
We never had enough, we never had enough
Give us a little love, give us a little love
We never had enough, we never had enough

 
These things are there. The garden and the tree
The serpent at its root, the fruit of gold
The woman in the shadow of the boughs 
The running water and the grassy space.
They are and were there. At the old world's rim, 
In the Hesperidean grove, the fruit
Glowed golden on eternal boughs, and there
The dragon Ladon crisped his jellwed crest
Scraped a gold claw and sharped a silver tooth 
And dozed and waited through eternity
Until the tricksy hero Herakles
Came to this dispossession and the theft. 



Randolph Henry Ash, from The Garden of Proserpina, 1861 
Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais.
Tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.


Eugénio de Andrade