Este livro é um dos meus favoritos. Adiei-o durante anos, pensando nele, trabalhando-o, dizendo para mim própria: "Um dia, quando tiver muito tempo (quero mesmo divertir-me)... começo-o!". Devo dizer que, na produção de um autor, cinco livros são trabalho, e apenas um dá verdadeiro prazer. A Casa Torta foi puro prazer.
Interroguei-me várias vezes se as pessoas que lêem um livro conseguem saber se ele deu muito trabalho ou prazer. Frequentemente, há alguém que me diz: "Como deve ter-se divertido a escrever isto e aquilo!". E isto a propósito de um livro que obstinadamente se recusava a "sair" como eu desejava, cujas personagens são pouco consistentes, o enredo desnecessariamente retorcido e os diálogos muito formais - ou pelo menos eu assim o pensava. Mas talvez o autor não seja o melhor juiz do seu próprio trabalho. Contudo, quase toda a gente gostou de A Casa Torta, e por isso justifica-se a minha própria convicção de que é um dos meus melhores livros.
Não sei como é que cheguei à família Leonides - apareceu, e pronto. Depois, como uma torta, "cresceu". Sinto que eu própria fui apenas a sua escriba.

Prólogo do livro de Agatha Christie, A Casa Torta

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