Juntavam-se a conversar sem tréguas, a repetir durante horas e horas as mesmas piadas, a complicar ao limite da exasperação o conto do queres que te conte um conto. E quando diziam que sim, o narrador respondia-lhes que não lhes tinha pedido que dissessem que sim, mas que lhes tinha perguntado se queriam que lhes contasse um conto, porque se queres que te conte conto, se não queres não conto, queres que te conte um conto? E quando lhes diziam que não, ele dizia que não lhes tinha pedido que dissessem que não, mas sim se queriam que lhes contasse um conto, porque se querem um conto e se não querem não conto e ninguém se podia ir embora porque ele respondia que não lhes contasse um conto, e assim sucessivamente, num círculo vicioso que se prolongava por noites inteiras. 


Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão

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