Simone de Beauvoir

Simone mudou o mundo, sem se mudar a ela, o que é um feito quase impossível: construiu sobre os escombros do seu amor solitário uma imagem de mulher autónoma que se colou ao corpo, às atitudes e ao comportamento das mulheres da sua geração. E nós, as que viemos depois, herdámos o amor interactivo que ela lançou no ar do tempo e não conseguiu agarrar. O amor pelos livros, pelo mundo, pelas ideias, pelos homens. Todo ao mesmo tempo, pela primeira vez. E a ideia, hoje cada vez mais preciosa - porque outra vez prestes a deslizar, numa suave dança de vários véus, para o esquecimento - de que só há um feminismo: o da igualdade. Simone sempre teve a argúcia de perceber que o - agora tão em voga - "feminismo das diferenças" era apenas uma forma de pôr na gaveta os direitos das mulheres.


Inês Pedrosa, 20 Mulheres para o século XX

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