Rebuçados (e pastilhas, gomas, chocolates...)

No outro dia ia a caminho da faculdade com os meus pensamentos diários e de repente algo me veio à cabeça. Não sei porquê mas lembrei-me das brincadeiras que tinha na primária, lembrei-me dos ferros onde nos penduravamos de cabeça para baixo, dos cavalinhos, da corda gigante da Dona Custódia, das bolas que alugavamos no intervalo. Lembrei-me dos berlindes, da minha gigante colecção de bolas saltitonas, das danças que inventavamos, dos pequenos livros que liamos, de tudo. Adorava a parte do intervalo, principalmente quando a aula toda da manhã era só matemática. Tinha muitas amigas, nunca me dei mal com ninguém, mas havia um grupo raparigas parvas com quem não brincava. Numa manhã a minha mãe comprou-me um pacote de rebuçados para eu levar para a escola e para partilhar com as minhas amigas. Não foram só as minhas amigas que vieram ter comigo nesse intervalo, mas também uma das raparigas com quem não me dava muito. Enquanto tive rebuçados ela brincou comigo, quando acabaram ela foi ter com as amigas dela e já não voltou mais.
Na altura em que isto aconteceu não me importei, hoje até acho piada quando penso nisto. Tinha e tenho as minhas amigas que não se vão embora quando o pacote de rebuçados acaba. Mas por vezes, não consigo deixar de me sentir usada. Quando ainda sou novidade sou muito bem tratada, todos vêm ter comigo, todos gostam de mim. Quando me conhecem verdadeiramente vão-se embora e deixam-me como a um pacote de rebuçados vazio.

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