O lenço que me ofertaste
Tinha um coração no meio
Quando ao nosso amor faltaste
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.

Ainda me lembro esse lenço
Vindo do teu seio túmido
Escondi-o ainda húmido
No peito com fogo intenso
Esse acaso, hoje penso
Qual infantil receio,
Muito orgulhoso guardei-o

Lamento a minha loucura
Porque esse lenço o perjura
Tinha um coração no meio
Esse coração bordado
Por triste sina era o MEU
E por isso ele MORREU
Quando o lenço foi rasgado

Foi-se a chama do passado
Pois em cinzas sepultaste
Este amor que atraiçoaste

O que serve a dor incalma
Vesti de luto a minha alma
Quando ao nosso amor faltaste

Beijos, sorrisos e afagos
Me deste. Hei-de esquece-los
Pois os teus doces desvelos
Com meus beijos foram pagos

Teus olhos eram dois lagos
Lascivo era o teu seio
Foi tudo efémero enleio
Breve e fugaz ilusão
Magoaste-me o coração
Eu fui-me ao lenço e rasguei-o.


Tiago Bettencourt

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