Só de pensar em sucessões fico cansada.
Para a minha Sara
Quando já não pudermos mais chorar e as palavras forem pequeninos suplícios e olhando para trás virmos apenas homens desmaiados, então alguém saltará para o passeio, com o rosto já belo, já espontâneo e livre, e uma canção nascida de nós ambos, do mais fundo de nós, a exaltar-nos!
mário cesariny
Não me torture muito. Eu sou como aquele velho mendigo que não queria largar-me a mão, um dia, na esplanada de um café: "Ah!, meu caro senhor, dizia ele, não é que se seja má pessoa, mas perde-se a luz." Sim, perdemos a luz, as manhãs, a santa inocência daquele que se perdoa a si mesmo.
Albert Camus, A Queda
Albert Camus, A Queda
Para o Príncipe Negro/Rei Sol (porque ele nasceu para mais, ele merece mais):
Da Condição Humana
Todos sofremos.
O mesmo ferro oculto
Nos rasga e nos estilhaça a carne exposta
O mesmo sal nos queima os olhos vivos.
Em todos dorme
A humanidade que nos foi imposta.
Onde nos encontramos, divergimos.
É por sermos iguais que nos esquecemos
Que foi do mesmo sangue,
Que foi do mesmo ventre que surgimos.
Ary dos Santos, in 'Liturgia do Sangue'
A Marta, a Rita e o Rui cantaram e dançaram no karaoke do Baile de Carnaval dos Salesianos. A Marta apitou, a Rita interpretou a Lady Gaga como ninguém e o Rui foi ele mesmo. O nosso futuro é no palco, não haja dúvida!
Can't read my,
Can't read my,
No he can't read my poker face
(She has got me like nobody)
Can't read my,
No he can't read my poker face
(She has got me like nobody)
Coco Chanel
Nos seus desfiles, não admitia flores, nem música: nada que distraísse do essencial. E o essencial era a roupa. Roupa que tinha de falar por si, evidenciando uma lógica de serviço ao corpo da mulher. Nenhum texto, nada de descrições líricas para facilitar a vida aos jornalistas: fazia troça dos estilistas que recorriam àquilo a que ela chamava "poesia de costureira". Gabrielle Chanel amava demasiado a poesia para a corromper em negócios de trapos.
Nesse dia 5 - o seu número de sorte, o nome do seu perfume-fétiche - observou o silêncio gelado da derrota, muito direita, nos degraus estratégicos de onde dominava o desfile. A imprensa dos seus amigos ingleses resumiu assim o seu come-back: "um fiasco". No dia seguinte, começou tudo de novo. E, em menos de um ano, voltou a ser uma estrela. Rica e solitária, picando tiranicamente raparigas imóveis, até que o último defeito cedesse. Foi assim até aos oitenta e quatro anos. Depois o corpo, como a moda que o veste, desapareceu. Chanel dizia: "A moda passa, mas o estilo fica". E tinha razão, malgré elle. Nenhuma mulher lhe tomou o posto.
Nesse dia 5 - o seu número de sorte, o nome do seu perfume-fétiche - observou o silêncio gelado da derrota, muito direita, nos degraus estratégicos de onde dominava o desfile. A imprensa dos seus amigos ingleses resumiu assim o seu come-back: "um fiasco". No dia seguinte, começou tudo de novo. E, em menos de um ano, voltou a ser uma estrela. Rica e solitária, picando tiranicamente raparigas imóveis, até que o último defeito cedesse. Foi assim até aos oitenta e quatro anos. Depois o corpo, como a moda que o veste, desapareceu. Chanel dizia: "A moda passa, mas o estilo fica". E tinha razão, malgré elle. Nenhuma mulher lhe tomou o posto.
Inês Pedrosa, 20 Mulheres para o século XX
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