Nada de desculpas, nunca, para ninguém, eis o meu princípio, de começo. Nego a boa intenção, o erro digno de estima, o passo em falso, a circunstância atenuante. Comigo não se abençoa, não se distribui absolvição. Faz-se a adição, simplesmente, e depois: "Dá tanto. O senhor é um perverso, um sátiro, um mitómano, um pederasta, um artista, etc." Assim mesmo. Com esta secura. Em filosofia como em política, eu sou, pois, por toda a teoria que recuse a inocência ao homem e por toda a prática que o trate como culpado. Tem em mim, meu caro, um partidário esclarecido da servidão.
Albert Camus, A Queda
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