Orais

O tempo das orais é o pior. Ninguém dorme, ninguém come, ninguém sai, ninguém se diverte. As orais acabam com tudo de bom que há dentro de nós. Lembro-me do ano passado por esta altura, tinha 4 orais para fazer. Quatro juris para enfrentar, milhares de livros para ler e um medo muito grande para ultrapassar. Tinha muita vontade de fugir, de desistir, de chorar e ir a correr para casa dizer aos meus pais que queria mudar de curso, que já não queria mais entrar na faculdade, que Direito não tinha nada a ver comigo, que ia desistir. Mas não fui e cá estou, mais um ano, mais orais, mais medo, mais tudo. Este ano, com sorte e com esforço, não tenho orais para fazer. Passei a tudo e as notas não foram más de todo! Os sapatos de salto alto e o fato apertado ficam no armário e já não saem de lá até ao Verão, nessa altura penso ter coragem para enfrentar orais de melhoria, pois não penso ter mais orais de passagem.
O clima que se vive na faculdade é de puro stress, pressão, sono, medo. Os meus amigos não foram poupados e terão que enfrentar o terror, os olhos venenosos de alguns professores e o riso de gozo de outros. Vão ter de ouvir frases como "tem a certeza do que está a dizer?" e "como é que o/a senhor/a conseguio ter 7 para vir aqui?"... Mas tudo é ultrapassado e engolido com muita calma.
Hoje o João Paulo não conseguio passar a Administrativo, a sua cadeira preferida. Fiquei com o coração partido de ver os olhos tristes e desanimados com que olhou para mim. Disse que queria desistir, que o esforço não é recompensado, que eles só passam quem querem. Nisto ele tem razão, no turno dele só passou uma pessoa num grande grupo de bons alunos. Não achei justo. Não é justo.
Amanhã lá vai a Cris tentar a sorte em Obrigações, sei que ela vai ser capaz! O prof giro e bom vai passa-la, eu sinto! :p
Não sei quando é que a Mafalda, o Manel e a Eugénia vão fazer Economia, mas espero e sei que se vão safar!! Eles são lindos e vão conseguir!


Desejo-vos toda a sorte do Mundo, apesar da sorte não ser para aqui chamada - só o trabalho duro e o estudo intenso compensam-, e não desesperam, eu já desesperei e não me valeu de nada!
Deixo-vos agora o pensamento de Quincas Borba (de Machado de Assis) -AO VENCEDOR, AS BATATAS! E vão haver muitas batatas no nosso futuro, nós merecemos!