"Quando é que ela chegou? Diz-me. Quando é que ele a viu pela primeira vez? Diz-me. Quando se abraçaram?
Quando é que isto começou?
Isto, o quê?
Isto.
O amor?
Talvez.
O amor?
Sim, pode ser isso. Quando é que o amor começou?
Começou antes de ser começado.
E depois?
E depois não acabou quando devia acabar. Durou mais tempo. O coração bate mais tempo. Não há maneira de parar o coração.
E então?
E então é assim. Não há muito que se possa fazer. Pode-se esperar.
Pode-se esperar?
Sim, pode-se esperar. Sem saber o que se espera, por exemplo.
Isso é ainda pior.
É.
E então?
O que é que tu queres saber?
Gostava de saber.
Eu também gostava de saber. Mas o que se sabe é muito pouco. Quase nada."
Pedro Paixão, in Muito, meu amor
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